terça-feira, 16 de março de 2010

Olha nós aqui outra vez (ou: Desenterrando o passado)


O tempo corre. Não para, não espera. Difícil acreditar que já faz oito meses que estive aqui pela última vez. Nesse meio tempo muita coisa aconteceu: créditos cumpridos no mestrado, amigos que chegaram, amigos que se foram, namoro, bolsa de estudos... Enfim, muitas coisas. Durante esse tempo todo, fiquei pensando o que poderia/deveria escrever aqui. Apenas três postagens neste blog, que nem bem nasceu e já foi aposentado por um longo período. Acho que agora é o momento de retomar o que deixei para trás, o que enterrei em algum lugar no passado...
Poético? Não, só um pouco nostálgico.

Bem, podem avisar! Estou de volta! Espero contar com vocês nessa nova (velha) caminhada! E tenho dito!

sábado, 4 de julho de 2009

Uma busca utópica (ou: Papéis velhos)

Um dia desses, remexendo numa caixa de guardados me deparei com um velho recorte de jornal no mínimo curioso. Não constava o nome do jornal, apenas o recorte de um texto. Abaixo, no final da página a data manuscrita a caneta, 1-12-84. Natal próximo? Começo de um novo ano? Talvez por isso o texto transpareça tanta emotividade. Quem o guardou na velha caixa? Não sei, apenas o publico aqui para que o apreciem:

PROCURA-SE:
“Procuro um amigo...
Procuro um amigo que sinta necessidade de estar sempre comigo;
Procuro um amigo que se lembre de mim quando estiver caminhando pelas ruas movimentadas;
Procuro um amigo que se lembre de mim ao escutar uma canção no rádio, dentro do carro, a caminho do trabalho;
Procuro um amigo que me presenteie, mesmo quando não é o meu aniversário;
Procuro um amigo que se lembre de mim ao ver um livro numa biblioteca, numa loja de livros usados;
Procuro um amigo que sinta vontade de telefonar para mim no meio da madrugada, apenas para jogar conversa fora;
Procuro um amigo que me dê um caloroso abraço ao me encontrar no meio da rua;
Procuro um amigo que assista a um programa de televisão comigo, mesmo não gostando, só porque sabe o quanto eu gosto do programa;
Procuro um amigo que me ligue no meio da tarde e me chame para sair, mesmo sem rumo certo;
Procuro um amigo que ria das minhas piadas, mesmo já as tendo escutado, ou mesmo que elas sejam infames;
Procuro um amigo que sem eu falar saiba o quanto estou triste;
Procuro um amigo que do nada comece a dançar, apenas para me animar;
Procuro um amigo que faça questão de me ver todos os dias, e mesmo isso não sendo possível, me telefone apenas para dar um alo;
Procuro um amigo que faça uma visita a minha casa, mesmo não tendo sido chamado;
Procuro um amigo que faça questão que eu participe de sua vida, de sua família;
Procuro um amigo que considere minha mãe a sua mãe, o meu pai o seu pai, os meus irmãos os seus irmãos;
Procuro um amigo que sempre seja visto nas festas de minha família, e que sempre me inclua nas festas da família dele;
Procuro um amigo que comente seus casos e descasos amorosos;
Procuro um amigo que se lembre de mim numa conversa com outros amigos;
Procuro um amigo que me inclua nas festas para as quais é convidado, mesmo que eu não conheça ninguém;
Procuro um amigo que saiba que eu sou humano, estou sujeito a errar sempre, mas mesmo errando estou tentando fazer o meu melhor;
Procuro um amigo para quem eu seja o melhor; que confie em mim, que compartilhe tudo comigo, as coisas boas, as coisas más;
Procuro um amigo, que saiba que pode esperar tudo isso de mim;
Procuro um amigo...
Um amigo...”
***
Não havia mais nada no velho recorte. Nem recortes posteriores. Mas tenho cá comigo que quem escreveu isto está até hoje procurando...
E tenho dito!


sábado, 13 de junho de 2009

Dia dos Namorados, sorvete e nirvana (ou: Sísifos que tutameian)

Para Ewerton e Gabriel, que ainda confundem sorvete com nirvana...


Sobrevivi! Ontem foi mais um Dia dos Namorados...
Mais um sozinho. Tudo bem, sem problemas. Ando cheio de coisas pra fazer. Logo cedo, após um banho e um café rápido, tento me equilibrar no ônibus para ler um livro do senhor Guimarães Rosa. Tarefa quase impossível. Como posso me equilibrar e concentrar num texto quase ilegível se ao lado duas cidadãs discutem o mais novo reality show da televisão? Quem vai sair da Fazenda? Afinal não estamos todos dentro deste verdadeiro curral que se tornou nossa cultura? Curioso, passamos do Grande Sertão do mesmo Guimarães, para a Fazenda da Mulher Melancia. Decadência cultural? Imagina, claro que não...
Chego a Cantirei, o Central Perk dos habitantes da Reitoria para tentar ler mais um pouco do livro. Lá está um grande amigo, também convocado para uma discussão literária rosiana.
-Olá!
Chega o terceiro membro do grupo. Mais um convocado:
-Pensamos que tinha esquecido...
O café comprado a força por mim, para o primeiro amigo, cai na mesa, molhando livros, manchando páginas, soltando o fio da meada...
Mudamos de mesa. Texto difícil.
-Vamos ler em voz alta?
Assim mesmo, difícil. Quase impossível não confundir sorvete com nirvana. Só pirando para entender o texto.
9 páginas depois, o senhor Guimarães tinha um soco reservado para a boca do nosso estômago.
Página 218:
- Sem amor, eu é que sou um Sísifo sem gravidade.
Silêncio.
Silêncio.
Olhares trocados. Nenhuma palavra.
Uma tentativa de quebrar o gelo:
- Nós somos Sísifos sem gravidade.
Três solteiros nocauteados por um livro de 1967.
Guimarães é foda!
- Terminamos na segunda feira?
- Sim, sim...
Teremos um novo soco no estômago reservado para nós? Certeza... afinal, é Guimarães.
A sexta feira aborígene só estava começando. Dia dos namorados, aniversário do meu pai que tanta falta faz...
Na volta para casa, início da noite, casais beijam-se e abraçam-se. Flores na mão, anéis novos. Beijinhos e risinhos. O Sísifo aborígene segue seu caminho para casa. Ainda tenho que ler mais um pouco de Guimarães...

Final de semana promete...

Penso em Augusto dos Anjos, outro aborígene:

"Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da Humanidade é uma mentira.
É. E é por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo
"

E tenho dito!

sábado, 9 de maio de 2009

Não é um drama, mas deixa puto (Ou: Tudo muda, tudo irrita)


Tenho uma certa facilidade para me irritar com qualquer coisa, da mais banal (como abrir um pacote de leite pela manhã) até a mais complexa (que diabos é literatura de depuração, senhor Pimentinha?). Porém, ultimamente algo em especial vem me deixando irritado. Irritado talvez não fosse o termo correto, "puto" caberia muito melhor. Pois bem, de uns tempos para cá, o modo e a rapidez com que as coisas mudam tendem a me deixar puto. Talvez seja a idade, eu sei... afinal, estou chegando a casa dos 30 e parece que nada de importante aconteceu, mas, quando você passa a ver algumas mudanças extranhíssimas acontecendo a sua volta, é no mínimo revoltante. A-han!!! É sim, tá? Por exemplo: a pessoa mais sem sentimento que conheço saiu do armário (não no sentido rosa do termo) e passou a ser o engraçadão-calado que começa a conquistar garotas com seu ar esquisitão; o mais nerd do mundo desabrocha para a vida (não no sentido rosa, again) através uma caliente 'pelota felina' chupando drops de anis (para um bom falante de espanhol, apenas o termo basta); fui aprovado em quarto lugar em um exame dificílimo, porém isso de nada adiantou para conquistar uma bolsa de estudos, pois, Ladir num acesso de cólera, invocou Paulo e mudou as regras do jogo. Ah eu fico puto! Nem to mais afim de escrever. To puto e puto vou ficar! No auge da minha "putianidade" (termo cunhado por Saussure), pari esse blog! Agora alguém que o embale... E tenho dito!


Um breve histórico:
Esse blog, propõe-se a ser um lugar onde poderemos olhar as insanidades que acontecem na vida, com um olhar bem humorado (pelo menos espero). Afinal de contas, ela não "es un drama, es una comédia". Portanto relaxe na sua cadeira, pegue um pacote de Fominhas®, um litro de suco do Gato Félix, e um salgadão 50% off e divirta-se!
P.s.: Raphael, obrigado pelo título! No mínimo MARA!